Partindo da proposta de pensar o Intendente a partir da premissa Memória e projecção (tema agregador do Festival BI 2018) lançamos um olhar para o lixo produzido pelas instituições que actuam na zona do intendente. Propomos pensar o lixo analisando o perfil que permite fazer da sociedade.
O desafio é convidar 5 instituições vizinhas as partilharem connosco o seu lixo, a abrirem as portas dos armazéns e centros de despejo dos seus desperdícios; ao seu interior, ao que ninguém vê. O verdadeiro ADN da instituição.
Criar um mecanismo de economia circular e que detecte que do lixo de uns pode ser aproveitado por outros nas suas actividades.
Apresentar estes materiais a 5 artistas plásticos convidados, que iram trabalhá-los, desconstruí-los e transformá-los, criando uma obra/proposta artística. Como que das vísceras nascesse o produto final, a obra artística.
Pretendemos reutilizar os objectos desperdiçados (lixo) em cada um dos contextos e com eles criar objectos artísticos que lhes atribuam uma nova leitura (luxo).
Na base do pensamento está a ténue fronteira que coloca um mesmo objecto na categoria de lixo ou o pode considerar um luxo.
A ideia é começar por recolher material junto de várias instituições de naturezas diversificadas, processo este que será acompanhado de acções dinamizadas junto dos funcionários e/ou utentes de cada instituição, sensibilizando e auscultando sobre questões e preocupações ambientais e sociais.
Numa segunda fase, convidar um grupo de 4 artistas visuais que operam nesta área de intervenção, quer pelos materiais a que recorrem, quer pelos temas que abordam no seu trabalho, para criar objectos artísticos com as matérias recolhidas, físicos (desperdícios) e imateriais (testemunhos).
O projecto culmina com uma exposição, onde cada obra ocupa um espaço do bairro. A exposição estará patente durante todo o festival e terá um programa de actividades associado. Workshops, conversas com os artistas e visitas à exposição.
LIXO-LUXO é, acima de tudo, um exercício de reflexão. Assumiu o formato de residência artística que culminou nesta exposição, mas tem como objectivo final a criação de uma rede de economia circular, permitindo a criação de parcerias institucionais e humanas, como objectivo de diminuir a pegada ecológica e social deste local.
Convidámos entidades vizinhas a abrirem as portas dos seus armazéns e dos seus desperdícios (lixo), facilitando o acesso ao seu interior, ao seu verdadeiro ADN . Apresentámos estes materiais a um grupo de artistas, que criaram um diálogo entre o seu universo artístico, a instituição que o acolheu e o lugar Intendente, resultando daqui as suas criações (luxo).
Na base do pensamento está a ténue fronteira que coloca um objecto na categoria de lixo ou o pode considerar um luxo. É fácil entender esta ideia em relação aos objectos mas aqui queremos pensar mais além. Como se transpõe este princípio para o contexto social, urbanístico, económico e artístico?
Acreditamos que é urgente esta reflexão neste lugar - Intendente! - em tempos um Lixo da cidade e hoje uma proto-zona de Luxo.
Criações Plásticas e comunidade
Direcção Artística: Susana Alves