Este ciclo trimestral pretende sensibilizar para que o complexo de edifícios do antigo Hospital Miguel Bombarda não fique vazio e possa ser o palco para as discussões que a cidade de Lisboa quer fazer.

Pretendemos relembrar a carga simbólica de um passado que ainda vemos muito impregnado com os/as vizinhos(as) com quem fomos reunindo ao longo do últimos meses, como também daquilo que uma antiga perspectiva muito institucionalidade sobre a doença mental marcou este lugar e que, felizmente, já não é a predominante à data. Daí apoiar a construção de um presente que dá voz aos movimentos formais e informais que continuam a trabalhar sobre o futuro deste lugar, num diálogo directo com a comunidade local e global que passará, temporariamente, a usar os Jardins do Bombarda – Centro Cultural e Comunitário – como lugar de encontro, pensamento e acção.

É mais do que certo que todos os processos urbanísticos sobre património público relevante devem escutar e envolver as populações, trazê-las para dentro dos lugares em transição e contribuir para construir um sentimento de pertença a partir da pertinência dos temas a discutir. Um complexo de edifícios, como os do antigo Hospital Miguel Bombarda, não deve ficar vazio e pode ser o palco para as discussões que a cidade quer fazer.

Esta é uma das missões deste ciclo de conversas trimestrais, sobre o Passado, Presente e Futuro do Bombarda, dentro dos seus muros. Dentro da cidadela muralhada pretendemos construir um espaço de cidade aberta a todas as pessoas que nela queiram estar. Estas conversas são agora publicadas em formato podcast.

1ª sessão
Convidados: Fórum Cidadania lx, Sociedade Portuguesa de Arte Terapia, Grupo de trabalho voluntário para a inventariação do acervo do Hospital Miguel Bombarda, Teatro Nacional D. Maria II e Largo Residências.
Moderação: Ana Jara
16 Junho Dom. 16h , Jardins do Bombarda – Centro Cultural e Comunitário

A primeira conversa foi moderada pela vizinha e arquitecta Ana Jara, cujo trabalho de investigação em estudos urbanos também incidiu sobre a Colina de Santana. Como convidados tivemos Fernando Jorge, em representação do Fórum Cidadania lx, Fátima Matos (Sociedade Portuguesa de Arte Terapia), Pedro Janarra (Grupo de Trabalho Voluntários que trabalha actualmente na Inventariação do acervo do Hospital Miguel Bombarda), Luís Ferreira (adjunto da Direcção Artística do Teatro Nacional D. Maria II), que nos trouxe a sua visão sobre o papel da cultura na construção de uma cidade democrática. Em representação da entidade promotora, do Jardins do Bombarda, Marta Silva e Tiago Mota Saraiva, pela direcção da cooperativa Largo Residências.

Criado em 1848 e encerrado em 2011, o mais antigo hospital psiquiátrico do país – Miguel Bombarda – até ao momento tem expectante face ao seu projecto futuro definitivo – tem sido enredado por contradições e por vezes discordâncias relativamente aos seu significado e protecção patrimonial. Depois de ter sido encerrado pela união de várias forças e personalidades da cultura à ciência (artistas plásticos, psicólogos, sociólogos e psiquiatras), a luta pela preservação de um património único composto por acervo de obras artísticas feitas pelos(as) pacientes, obras documentais, entre outros, mas também pela preservação do património edificado onde parte dele é inclusivamente classificado.

2.ª sessão
com moderação de Marta Silva (Largo Residências) e convidados Nuno Faleiro Silva ( Psicólogo Clínico do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, coordenador da Rádio Aurora ), Ana Paula Santos (Bibliotecária ), Célia Pilão (Antiga Administradora do Hospital São José) e Margarida Cancela d’Abreu (Arquitecta Paisagista)
por Largo Residências em parceria com Trabalhar com os 99% e Fórum de Cidadania Lx
29 de Setembro, Domingo, 16h às 18h, Pinhal 
Jardins do Bombarda – Centro Cultural e Comunitário
Rua Gomes Freire 161, Lisboa

Nesta segunda conversa sobre o Passado, Presente e Futuro do Bombarda, olhamos novamente  com vários prismas, testemunhos, experiências e visões para este lugar psicológico que é o Bombarda. A história e património que carrega, a memória e simbologia que transporta,  os desafios que atravessa face a um possível futuro em que venha a integrar a cidade de Lisboa. Após a abertura  parcial com a parte destinada ao Jardins do Bombarda,  faz cada vez mais sentido pensar colectivamente o futuro deste quarteirão em diálogo com a comunidade local, vizinhos/as e demais interessados/as. Adicionando os desafios actuais de Lisboa e, principalmente, da malha urbana marcada por um processo de turistificação e especulação imobiliária, importa pensar e lançar pistas para um processo de co-construção deste pedaço de cidade utópica. 

Este evento está inserido no projecto “Tomando as ruas,  rompemos o silêncio!”, um processo de documentação com o apoio da República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes e Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril.